Sabias que há dezenas de novos autores a descobrir e a apoiar por cá? Desta feita, decidi-me a explorar esta criação do jovem autor Manuel Seatra. Nem só de Saramago vive o homem – e repara que é um dos meus autores favoritos.
Manuel Seatra
Este é já o segundo volume escrito por Manuel, editado também pela independente Douda Correria, e o primeiro a que deito mão. Em menos de 100 páginas, viajei por memórias e vivências do autor como se fossem também as minhas.
Fico com um carinho especial por todos os livros e textos que me deixem com esta sensação, de que aquela história é também a minha – não é isso que todos procuramos nestas viagens literárias, encontrar um pouco de nós e, assim, encontrarmo-nos também?
Recomendo este livro como uma leitura a fazer várias vezes ao longo do ano, da vida até, para nos deixarmos ir em memórias que, em simultâneo, nos recordam dos pés que nos ligam à terra.
Porque há mais que um mundo dual, feito de linhas paralelas que se opõem, extremo a extremo. A nossa reflexão e interpretação permite-nos trazer tantas outras dimensões para o que experienciamos, basta dar-lhes espaço para aparecer.
Manuel consegue recordar-nos disto mesmo, de que há muito para além do que o olho vê ou o coração sente, passado o imediato. E tudo merece a nossa atenção; aqui, o autor deixa a mão escrever com liberdade, poesia e verdade o que não é possível ser dito (ou calado) de outro modo.
Aterrar e voar ao mesmo tempo, sobretudo através da leitura e da escrita, tem um gosto muito particular, recordando-me da incrível capacidade que temos de nos transformar ao longo do dia e da semana, de absorvermos experiências e de dissecarmos momentos em tantos sentidos diferentes.
Há mil aprendizagens para retirarmos do que nos rodeia, como vemos nos momentos narrados por Manuel. Deixemo-nos inspirar pelas reflexões dos outros e, assim, percebermos como é bom notar o que está à nossa volta.